17 de abril de 2015

Foto: Reprodução / internet

Ao dominar todas as listas de músicas mais tocadas, o novo sertanejo acende a discussão sobre o que é, ou não, música de qualidade e revela estratégias da reformulada indústria cultural brasileira

Foi com um palavrão e uma frase curta — "Isso é música ruim, muito ruim" — que o jornalista Juarez Fonseca engrossou um acalorado debate envolvendo músicos, produtores, críticos culturais e pesquisadores que discutiam em sua página no Facebook.

Colunista de Zero Hora e referência na crítica gaúcha há mais de 40 anos, Juarez desabafava contra a soberania do sertanejo universitário nas listas de músicas mais tocadas nas rádios brasileiras. Nunca, pelo menos nas últimas cinco décadas (navegue na linha do tempo abaixo), um único gênero foi tão dominante na música popular quanto a atual mistura de caipira com pop.

— Sempre tivemos música boa e música ruim no Brasil, mas havia um equilíbrio. De uns tempos para cá, pelo menos 90% do que as gravadoras lançam é totalmente descartável — protestava o jornalista na semana passada.

Sempre há controvérsias sobre o que, afinal, pode ser considerado "música boa" e "música ruim", rótulos subjetivos segundo interlocutores que discordavam de Juarez — entre eles o produtor musical Carlos Eduardo Miranda, que já trabalhou com bandas como Skank, Raimundos, O Rappa e Cansei de Ser Sexy.

— Quer coisa mais chata do que Milton Nascimento ou Ivan Lins? Prefiro muito mais ouvir um funk carioca do que uma MPB de meia-tigela feita por um velho enclausurado em uma mansão — disse Miranda em entrevista ao PrOA.


Fonte: clicrbd